31.10.10

Luz - Um caminho do Muro de Adriano

Fotografias de António Barreto- APPh

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(1986)

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Os braços de Gary Cooper

Por Maria Filomena Mónica

NUM MUNDO machista, as divas tendem a ser femininas. Na minha opinião, se há um actor com qualificações ao título, no masculino evidentemente, ele é Gary Cooper. Hesitei bastante antes de o escolher, mas, depois de ter visto há tempos, numa exposição em Madrid, a fotografia que Edward Steichen lhe tirou em 1930, tudo se tornou claro no meu espírito. Gary Cooper aparece vestido com um fato escuro, uma camisa branca e um lenço no bolso. O que nos atrai, na fotografia, é o olhar, que nos desafia, e as rugas, evocativas de um passado conturbado. À época, tinha apenas 29 anos, mas, ao lado da boca, notam-se já os traços verticais que, ao longo da vida, caracterizariam a sua face. (...)
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30.10.10

Receita para a receita

Lisboa - Av. da República, no mês do Centenário da dita
TERMINADAS as negociações entre Eduardo Catroga e Teixeira dos Santos, este já foi dizendo que o acordo alcançado implica uma redução de receita - o que quer dizer que essa falta será corrigida da única forma que os governos conhecem: aumentando um imposto qualquer...

Mas aqui lhe deixo uma sugestão melhor: quando um dia encontrar o seu colega da Administração Interna, recorde-lhe que é ele, Rui Pereira, quem manda na PSP, pelo que talvez seja a pessoa indicada para pôr os agentes das Divisões de Trânsito, por esse país fora, a fazerem aquilo que se espera deles - é que uma semanita de trabalho (nem sequer demasiado cansativo) permitiria obter muito mais dinheiro do que aquele de que o Estado carece para controlar o défice.

Saudades da Nèlita

Por Alice Vieira

Por que nos lembramos de umas pessoas e esquecemos outras? O que leva a nossa memória a ser selectiva? Seja o que for, ela terá as suas razões.

AS VELHAS da casa sempre lhe tinham tentado ensinar que era na primavera que se faziam as limpezas, mas ela nunca tivera essa obsessão primaveril pelo aspirador, pela esfregona ou pelo pano do pó. E se havia altura em que (vagamente) lhe apetecia dar uma arrumadela na casa, era sempre em Outubro.
Porque, para ela, era então que o ano começava. E que as coisas velhas e sem préstimo se deitavam fora. E se trocava a posição dos móveis. E se mudavam as fotografias das molduras. (...)
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QUANDO adoptou o Novo Acordo Ortográfico, o Expresso comentou, com alguma graça, que ia passar a economizar letras - e é bem verdade... Mas talvez não tenha sido esse o motivo que levou este restaurante do Martim Moniz, em Lisboa, a omitir a última letra, mas sim arranjar espaço para a setinha, que é mais importante do que o "E"; ou não é?

Estamos safos

Por Antunes Ferreira

DE REPENTE, no meio das trevas em que o País se encontra mergulhado, surgiam dois faróis, qual deles mais importante, para alumiar as escassas esperanças que persistem em sobreviver. O franzir de cenho que posso divisar afigura-se-me suficiente para dar nota das interrogações e das dúvidas sobre a afirmação anterior. Mas, mesmo neste manicómio nacional, tudo pode ter uma explicação, creio.
Vamos, então, por partes. Primeira: o enquadramento da negrura. Não será preciso produzir muita informação, tal é o abanão que resultou da ruptura das negociações entre o Governo e o PSD para se vir a ter um Orçamento para 2011. Os cidadãos já sabiam, nós já sabíamos, que, acabado o tempo das vacas gordas, chegaria o das vacas magras. E, até, que estas últimas enfileiravam na categoria global-portuguesa das loucas. Vacas, obviamente. (...)
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29.10.10

As "causas naturais" e os especialistas do "depois"

SIC-N, noticiário das 18h
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«SOL» online
Pessoal da autarquia limpa a mesma caleira... depois das inundações

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NEM DE propósito: a SIC-N acaba de mostrar imagens das caleiras entupidas, já aqui referidas por várias vezes - inclusivamente no post anterior.

E quem nos livra do 'outro entulho'?!

AS TELEVISÕES têm estado a dar imagens das inundações de hoje, em Lisboa, algumas delas da Rua das Portas de Santo Antão - ver o post afixado a seguir a este. É um bom pretexto para relembrar a imagem de cima (de 3 Ago 10), e completá-la com mais duas (de 22 e 25 Out 10) - todas dessa rua.
Repare-se como "quem de direito" reparou algumas das caleiras: atulhando-as! Neste caso, e tendo em conta as consequências, a pergunta «E ninguém vai preso?!» é para ser entendida no sentido literal.

Alguém tem que ceder

Por João Paulo Guerra

A COMÉDIA romântica com argumento e realização de Nancy Meyers intitulada “Something’s Gotta Give”, exibida em Portugal com o título “Alguém tem que ceder”, conta a história de um ‘playboy’ irrecuperável perdido entre a mais recente conquista e a inesperada mãe da jovem.
Pelo meio, o ‘playboy' é traído pelo coração propriamente dito, o jovem médico assistente antecipa-se na sedução da mãe da miúda e o filme acaba bem, romanticamente, em Paris.
E só mesmo o título é que pode sugerir alguma comparação com a banal ‘sitcom' de política de cordel entre dois partidos tão sequiosos de poder como ansiosos por se livrarem do incómodo de ter que prestar contas pela governação. (...)

Texto integral [aqui]
TERMINOU há momentos o passatempo cujo prémio é um exemplar deste livro de R. L. Stevenson.
A solução já pode ser vista [aqui].

Viva o FMI!

Por Joaquim Letria

NOS ANOS da ressaca do 25 de Abril, esteve cá o FMI e ficou até hoje, pelo menos numa canção do Zé Mário Branco e na recordação das pernas bem torneadas duma senhora de apelido arménio que por cá andou.
A senhora pôs-nos a pão e laranja para não escorrermos pelo esgoto em que os nossos políticos da época nos meteram e em que o Sócrates e “sus muchachos” nos despejaram agora.
Bem escusávamos de ter sacrificado a nossa juventude se soubéssemos que na nossa velhice vinha outra corja dar cabo do resto.
É bem feito, para nunca nos esquecermos de que há sempre sequelas. Até houve quem escrevesse “O Filho do Conde de Montecristo”… E esta cambada está lá porque votaram neles, a populaça que não se queixe!

Só ouço queixumes por vir aí o FMI. Não percebo! Deixem vir os homens, que são sérios e competentes! Se até pode vir um árbitro espanhol apitar o Porto-Benfica, que soberania é que nos resta para a gente perder mais, por vir o FMI acabar com o regabofe dos “boys” do Largo do Rato, filhos dos cavalheiros da Rua da Emenda? O FMI que venha e faça o favor de meter a piolheira na ordem!
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NOTA (CMR): Como é sabido, Joaquim Letria escreve vários géneros de crónicas. Para comentários sobre a actualidade, nasceu o blogue A Mosca Varejeira, onde esta crónica também pode ser lida e comentada.

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Ah, grandes gestores!




NA IMAGEM de cima, Rodrigo (cartunista do Expresso e autor convidado deste blogue) comenta as dificuldades financeiras dos transportes públicos. Nas duas seguintes, documenta-se uma situação habitual na Praça de Figueira: mesmo no coração da capital, e numa das zonas mais policiadas, uma escola de condução (?!) usa habitualmente uma das paragens da Carris como parque operacional, com as consequências evidentes para a circulação - dos transportes públicos, mas não só. Finalmente, em baixo, uma notícia dá-nos conta de como os gestores da coisa pública resolvem este género de problemas.
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NOTA: as fotografias são do passado dia 20, e absolutamente semelhantes a outras já apresentadas há dois meses (do mesmo local e da mesma 'escola'). Para não atafulhar o blogue, omite-se uma dúzia de outras, tiradas na mesma tarde, que mostram a faixa BUS da Rua do Ouro a ser utilizada, em toda a sua extensão, por viaturas particulares e das mais variadas empresas (às 2 e às 3, de cada vez!), perante a mais completa inacção daqueles a quem os contribuintes pagam 14 ordenados por ano para que isso não suceda.

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28.10.10

Adivinha

Por João Paulo Guerra

ESTIVE vai-não-vai para apostar que o acordo para viabilização do Orçamento era aprovado terça-feira, mesmo a tempo da apresentação da recandidatura do professor Cavaco Silva.
Mas afinal aprendi que o mais avisado é seguir o conselho de um velho pensador português: prognósticos só depois do jogo.
Uma das razões porque apostaria era de ordem zodiacal: acabáramos de entrar no Escorpião, o signo magnético do senhor dos propósitos, do alto preço, o guerreiro que procura o caminho infalível para atingir os seus objectivos, para além do visível, com Marte como planeta regente, e com Vénus e a Lua cooperativos. (...)

Texto integral [aqui]

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Perdido na tradução

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QUANDO me deparei com o erro que se pode ver no primeiro recorte, ainda pensei que se tratasse de uma gralha - entre muitas outras que o livro tem - que tivesse escapado à revisão. Mas deve ter sido mais do que isso, tendo em conta o que se lê em baixo (num outro capítulo). Aí, e dado que o autor é Alexandre Dumas, deve ter sido o tradutor que se excedeu em "criatividade"! Porque é que se diz isso?

O discurso do novo embaixador no Vaticano

Por C. Barroco Esperança

O DISCURSO de apresentação das Cartas Credenciais do novo Embaixador de Portugal junto do Vaticano foi um acto de bajulação pia, sem ética republicana, e a manifestação de subserviência em nome de um país laico e democrático.
O embaixador Fernandes Pereira esqueceu-se de que representa o país e não um grupo de peregrinos e de que Portugal é um Estado laico e não um protectorado do Vaticano.
Para o Sr. Embaixador pode ter sido a maior honra pessoal e profissional da sua vida dirigir-se ao «Beatíssimo Padre», mas não o foi para todos os portugueses, sobretudo para os que lhe reprovam o mal que tem feito à humanidade com a teologia do látex, nos países onde a SIDA dizima populações, e nas posições em relação à contracepção, planeamento familiar, saúde reprodutiva da mulher, sexualidade e igualdade de género. (...)

Texto integral [aqui]

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27.10.10

A indecisão - Passatempo de 27-29 Out 10

EM 'HONRA' dos políticos que, nos últimos dias, parecem andar a brincar com coisas sérias, será atribuído um exemplar deste clássico a quem mais se aproximar da resposta certa à seguinte pergunta: em que página se pode ler «Os curiosos que ali estavam parados escarneceram daquela indecisão»?As respostas (uma por cada leitor) poderão ser dadas até às 15h de sexta-feira, dia 29.

Actualização:
A solução já pode ser vista [aqui].

'Hay Presidente? Soy a favor!'

Por Ferreira Fernandes

MEDIDA sábia em dia em que só se lhe pedia o anúncio da candidatura: Cavaco Silva deu ordens à sua campanha para que os gastos não ultrapassem metade do tecto que a lei impõe. Duplamente sábia, aliás. Caem sempre bem, e agora mais, os anúncios de cortes nas próprias despesas. E, depois, o Presidente Cavaco pode cortar na propaganda sem ser imprudente. No Palácio de Belém os contratos de arrendamento são sempre por dez anos. Eanes entrou em 1976, saiu em 86, Soares, 1986-96, Sampaio, 1996-2006, logo, Cavaco, que entrou em 2006, sabe que 2011 são favas contadas. (...)

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Uma sugestão muito especial...

O FRUTO que a imagem mostra chama-se mogango, e com ele é possível experimentar mais uma sugestão do Professor Galopim, como se pode ver [aqui].

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A tragédia desejada

Por Rui Tavares

É ESTRANHO dizê-lo, mas se o orçamento (previsto) fosse apenas injusto, nós já nem daríamos por isso. O nosso país é injusto há muito tempo; nos últimos anos só pontualmente e parcialmente contrariou essa tendência.
Mas é preciso dizer que este orçamento não é só injusto; é errado.
É perturbante pensá-lo, mas se este orçamento fosse apenas errado talvez nos limitássemos a encolher os ombros. Este país tem vivido com mais políticas erradas do que certas. E por vezes o errado é a única coisa que existe.
Mas é preciso insistir que este orçamento não é só errado; é trágico. (...)

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A quem serve o interesse nacional?

Por Baptista-Bastos

A EXPRESSÃO "interesse nacional", muito em voga nos últimos tempos, é recuperada do discurso que marcou os anos salazaristas. Acontece que Salazar escrevia bem e assimilava melhor, leitor com mão profusa do Padre Vieira, o que melhora o estilo e ajuda os labirintos da metáfora. Os senhores que se servem, agora, da locução, nada sabem de metáforas, de Vieira, e muito menos das inclusões que tal alusão comporta e envolve. E, involuntariamente, são netos de Salazar. A árvore da língua exige a consciência de a saber afeiçoar às circunstâncias, neste caso políticas. A articulada ignorância que demonstram causa um cansaço interminável a quem é medianamente letrado. (...)

Texto integral
[aqui]

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26.10.10

"Asseço" de analfabetismo
na Rua de Entrecampos, Lisboa

Uma conversa com Mandelbrot


Por Nuno Crato

SÁBADO de manhã, a primeira mensagem a entrar no meu computador foi lacónica. No assunto, anunciava “Benoit B. Mandelbrot has died :-(“; no corpo da mensagem havia apenas um apontador para a página do falecido matemático na Universidade de Yale. Tinha 85 anos e morreu de cancro. A missiva vinha de uma comunidade matemática de correio electrónico a que pertenço, e poucos comentários obteve. Um deles, de um colega de Mandelbrot dizia “Benoit was a very stimulating colleague. Much better to have a conversation with him than to listen to a lecture.” Lembrei-me da primeira vez que o vi. E da última. O meu correspondente tinha razão.
(...)

Texto integral (e mais fotos) - [aqui]

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A propósito de grafitos


NÃO PRETENDO, com estas imagens, defender a actividade dos 'artistas' referidos na crónica anterior. Mas gostaria de ver igual zelo da PSP na protecção das paredes em zonas - ditas - nobres, como a Baixa de Lisboa.
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AS FOTOS são da Praça da Figueira (a do meio) e da Rua das Portas de Santo Antão (as restantes).
A situação do Pátio do Tronco (cada vez mais borrado, e de que hoje apenas se mostram 3 aspectos, para não entristecer) é particularmente revoltante, tendo em conta o significado histórico do lugar: foi onde Camões esteve preso - o que, aliás, a autarquia da cidade assinalou devidamente
, em 1992, recorrendo a grandes painéis de azulejos.
O facto de, no próprio Pátio, haver umas instalações da CML, não é do âmbito da pura anedota: é que, no meio de todo aquele nojo, o seu logótipo até nem destoa...

É doença a falta de indignação

Por Ferreira Fernandes

FOI HÁ DUAS semanas e não reparei que tenha sido notícia de jornais ou telejornais. A ter aparecido, foi certamente sem destaque. Só através de blogues soube que o Avante!, jornal do PCP, escreveu sobre o assunto na última edição.
Alguns jovens militantes comunistas queriam pintar um mural junto à Rotunda das Olaias, foram impedidos pela polícia e levados à esquadra. O jornal refere a Lei 97/88 de 17 de Agosto e um parecer do Tribunal Constitucional que legitima a pintura de murais. Se a lei diz isso sobre pintar paredes, a lei é burra. E suja. E duvidando eu que a lei seja tão permissiva, espero que os polícias impeçam que as paredes - como, por exemplo, o são no Bairro Alto - sejam borradas (e lendo o que escrevem, com raras excepções, burradas também). Impeçam como? Detenham os pintadores, levem-nos para a esquadra, processem-nos.
Essa era uma notícia que eu gostaria de ler regularmente nos jornais tal é o crime cometido contra a cidade. Mas, sobre aquela notícia, o Avante! disse também que os jovens levados à esquadra foram "obrigados a despirem-se." Desculpem? Cidadãos levados para a esquadra são obrigados a despirem-se e isso fica em nota breve no jornal partidário interessado e cai em silêncio nos restantes? É tão inócua aquela humilhação que nem importa saber quantas foram a vítimas? Era bom darmo-nos conta da gravidade deste silêncio.

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«DN» de 26 Out 10

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25.10.10

O Catroga e o Duque

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Por João Duque

1. É verdade que assinei o despacho que se pode ler [aqui].
2. Os textos dos Despachos são standard e não são explicativos. A justificação anexa é que o pode ser.
3. Em Julho de 2010 enviei um conjunto de respostas a uma entrevista ao SOL e que nunca foi publicada e penso que terá sido esclarecedora. Deixo-as aqui para esclarecimento da situação.
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Cara XXX

Agradeço o interesse e a preocupação em recolher as minhas respostas às questões colocadas que passo a esclarecer:

O Professor Eduardo Catroga licenciou-se nesta casa em Julho de 1966, tendo sido na data o melhor aluno desse ano. Iniciou funções docentes no ISEG no ano lectivo 1967/68, tendo sido regente das cadeiras na área da Economia da Empresa até ao lectivo de 1974/75. A escola, atendo ao seu curriculum académico e profissional tomou a iniciativa de o contratar a partir de 14 de Outubro de 1991 como Professor Catedrático Convidado, para reforçar as valências do Mestrado e Gestão. (...)

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Vulcanistas e Plutonistas (continuação)

Por A.M. Galopim de Carvalho

UM PIONEIRO da escola vulcanista foi o francês Nicholas Desmarest (1725­-1815), a quem se deve trabalho inovador no referido Maciço Central. Coube a este geólogo o mérito de negar a combustão de carvões e betumes, no interior da crosta, como fonte de calor necessária às erupções vulcânicas, defendida pelos neptunistas, preferindo admitir que o basalto poderia resultar da fusão do granito, sem, contudo, explicar qual a fonte de calor para tal. Ao reconhecer no basalto uma lava antiga e ao afirmar que a erosão era, sobretudo, um trabalho dos rios ao nível das terras emersas e não uma acção do mar, como preconizavam os wernerianos, Desmarest dava um outro duro golpe na teoria neptunista. (...)

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Negociações

Por João Paulo Guerra

VAI POR AÍ uma certa confusão: quem negoceia a viabilização do Orçamento é o Governo do PS com o PSD. Mas a matéria em negociação diz respeito aos que não têm voto nesta matéria: os portugueses que vão ser espoliados de direitos e condições de vida mais dignas. Com isto não se contesta a legitimidade democrática dos partidos para formarem governos e constituírem-se oposições. Mas os partidos, como o nome indica, são uma parte. E o todo é que sofre.
De maneira que para os partidos o regateio do voto para o Orçamento pode situar-se ao nível da taxa do IVA sobre o leite achocolatado, como outrora se situou na aprovação de uma fábrica de queijo. (...)

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24.10.10

Luz - Troço do Muro de Adriano

Fotografias de António Barreto- APPh

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Construído no século II, a mando do Imperador Adriano. Este, depois do seu antecessor, Trajano, entendeu pacificar as fronteiras do império, tanto na Ásia Menor, como na Germânia ou na Britânia. Este muro, de costa a costa, separava os romanos e os ingleses dos escoceses. (1986)

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Bem-vindos ao inferno!

Por João Duque

A UNIÃO Europeia tanto exige contas públicas sãs como aceita estas trapaças contabilísticas que só iludem ignorantes.
Paulo Trouxa, conhecido pelo "Pê-Tê" lá do bairro, morreu. Chegado às portas do paraíso, tem de escolher entre o céu ou o inferno, depois de experimentar um e outro durante 24 horas.
O dia no Inferno foi uma delícia: companhias femininas meio desnudadas com corpos divinos e sensações inesquecíveis; desportos variados; refeições abundantes, compostas por iguarias e bebidas nunca antes provadas; amigos em cavaqueira e animação constante, em festas de fim da tarde a desfrutar paisagens lindas; música alegre e estimulante; tudo limpo, arrumado e grátis! (...)

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O resultado do passatempo que ontem terminou
já pode ser visto [aqui]

Liberdade

Por João Paulo Guerra

PORTUGAL desabou 10 furos para um 40.º lugar na tabela mundial da liberdade de imprensa elaborada pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Desde que os RSF publicam a sua tabela, em 2004, esta é a cotação mais baixa da liberdade de imprensa em Portugal. E é caso para perguntar o que ganha Portugal com as mentalidades, os comportamentos, os tiques de arrogância e intolerância que determinaram a queda na classificação? Não ganha nada. Só perde num domínio que é pedra-de-toque da democracia e dos direitos humanos. (...)

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23.10.10

Quem não sabe vender...

DECIDI aderir à UZO, pelo que fiz a minha inscrição online e, na sequência disso, recebi um e-mail com as indicações que aqui se vêem. Dirigi-me à loja PayShop mais próxima, mas a funcionária não conseguiu introduzir a referência dos 13 dígitos - nem sabia a quem perguntar.
Voltei então para casa, procurei a linha de apoio da UZO (808 960 000 - preço de chamada local...), liguei para lá, e expus o problema. Resposta: voltar à loja, e dizer à funcionária que ligue para a linha de apoio (707 922 922), para lhe explicarem como fazer.

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Assim fiz. A funcionária ligou para lá, e disseram-lhe que falava da Phonix, e que o número da UZO era outro: 707 960 000. Dessa vez, já irritado, liguei eu mesmo. Nova informação: afinal, o número é outro ainda: 800 204 444. O problema é que não é acessível a partir de telemóvel!

Finalmente, e face ao completo desinteresse da funcionária da loja, bati com a porta, fui a outro estabelecimento (onde me trataram do assunto de imediato), e fiquei com um bom tema para um post sobre 'incompetência'.

Descobri o Simplex

Por Alice Vieira

TENHO mais medo de entrar numa repartição de Finanças ou da Segurança Social do que no consultório do dentista.
Por isso, quando entrei na Segurança Social para pedir um documento a provar que não devo nada a ninguém, até tremia.
Tirei a senha e, oh alegria!, era a senha 35 e já iam na 14, não devia demorar muito.
Nem valia a pena sentar-me, fiquei encostada à parede a olhar para os que iam chegando, e tirando senhas, e suspirando.
Quando, hora e meia depois, ainda se continuava na senha 14, comecei a não achar graça.
Reparo então - tenho pouca prática destas coisas - numas senhas com a designação de “prioritárias”. Pergunto quais as prioridades que abrangem - mas ninguém me sabe responder. (...)

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O LEITOR José Sacramento enviou-nos esta partitura que é (ou pretende ser) a do nosso Hino Nacional. Desafiam-se os amadores de música a executá-la, tentando ver se está correcta.

Actualização (18h57m): o mesmo leitor sugere que se oiça [aqui].

Ó Lua que vais tão alta

Por Antunes Ferreira

DEFINITIVAMENTE, a tradição já não é o que era. Ao longo do tempo, a Lua serviu de inspiração a poetas e prosadores, condicionou as marés, equacionou os partos, influenciou a agricultura, alumiou as religiões; e as devoções. A nossa, pois que existe, só no sistema solar, uma caterva delas. A Terra, modestamente, possui só uma. Talvez por isso se farte de trabalhar diversificadamente. E convém não nos esquecermos que apenas tem dois quartos. Tudo indica, sem casa de banho.
Tome-se o exemplo do Portugal que somos. O Povo, essa entidade anónima, matreira e sabedora, que anteriormente cheirava mal dos pés e dos sovacos, dispensou-lhe sempre uma enorme atenção. (...)

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Foi actualizado o arquivo Humor Antigo (ano de 1920)
Ver [aqui]

22.10.10

«Dito & Feito»

Por José António Lima

O DÉFICE DE 4,6% do PIB que o Governo se propõe atingir no Orçamento para 2011 é possível sem novos PEC, sem mais impostos, sem mais cortes nos salários?
E é credível quando o Governo é já o único a prever um crescimento de 0,2% e todos os organismos internacionais apontam uma recessão inevitável e um crescimento negativo que pode chegar a -1,8%?
«Tivemos o cuidado de uma prudência acrescida na previsão da receita», alega o ministro Teixeira dos Santos. Ora, a verdade é que, em 2009 como em 2010, este Governo e o seu ministro das Finanças falharam clamorosamente, tanto nas previsões das receitas como no descontrolo das despesas. E ocultaram deliberadamente esse facto aos portugueses. (...)

Texto integral [aqui]

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Passatempo de 21-23 Out 10 - Prémio adicional (eventual)

NO CASO de haver 10 (ou mais) respostas ao passatempo ontem aqui proposto, o livro cuja capa aqui se vê será também atribuído: o vencedor poderá escolher entre este e o que lá se indica, ficando o outro para o 2.º classificado.
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Actualização: ver solução [aqui]

Extintores

Por João Paulo Guerra

CONTAVA o Diário de Notícias na edição de ontem que o Governo, no seu afã de exterminar algum Estado, se propunha extinguir nove organismos extintos.
Não é original. Já em Junho de 2002 o Governo de Durão Barroso determinou a extinção de organismos extintos. Anteriormente, em plena época pantanal, o Conselho de Ministros dera 15 dias para que os vários ministérios apresentassem uma lista dos organismos públicos que poderiam ser "extintos, reformulados ou fundidos". Porém, em cima da herança do Secretariado para a Modernização Administrativa "cavaquista", o "guterrismo" limitou-se a fundar o Programa Integrado de Formação para a Modernização Pública. (...)

Texto integral [aqui]

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21.10.10

Passatempo de 21-23 Out 10

JÁ QUE tanto se tem falado, ultimamente, de recibos verdes, o 'Sorumbático' atribuirá um exemplar do livro cuja capa aqui se vê a quem, até às 20h do dia 23, p.f., der a resposta que mais se aproxime da correcta à seguinte pergunta:
Em que página é que começa o capítulo intitulado 'Nando e o livro de recibos verdes'?
Cada leitor poderá dar uma única resposta. Em caso de empate, terá prioridade o 1.º "apostador".

NOTA: tanto quanto sei, o "Nando" do livro nada tem a ver com Fernando Teixeira dos Santos...

Actualização: ver solução [aqui]

No início da década de sessenta, ali na Covilhã

Por C. Barroco Esperança

NÃO SEI como era a Covilhã em 1186, elevada a vila por foral de D. Sancho I, nem em 1763 quando o Marquês de Pombal ali criou a Real Fábrica de Panos que havia de lhe traçar o perfil industrial e torná-la um local de misérias e grandezas conforme as crises cíclicas a que ficou condenada. Das grandezas fruíam os industriais que, duas gerações depois, abriam falência enquanto outros surgiam para recomeçar o ciclo. Das misérias foram vítimas gerações de assalariados que ora fugiam das aldeias em busca do magro salário na indústria, ora regressavam à fome e às courelas em Boidobra, Peraboa, Ferro, Verdelhos, Orjais, Canhoso, Cortes, Teixoso ou Casegas. (...)

Texto integral [aqui]

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FOI actualizada a Colecção de Absurdos com mais esta foto, tirada ontem na Av. Almirante Reis, em Lisboa. Omitem-se outras duas (perto desta), por serem da PT, empresa que tem vindo a corrigir as anomalias à medida que vai sendo informada delas. E mais vale tarde...

20.10.10

Juízes são pagos para incomodar?!

Por Ferreira Fernandes

O PRESIDENTE da Associação Sindical dos Juízes diz que há uma perseguição dos políticos aos magistrados: "Estamos a pagar a factura de ter incomodado, nas investigações e no trabalho jurisdicional que fazemos, os boys do Partido Socialista." Temos assim que para o juiz António Martins o Estado português se explica como uma luta entre polícias e ladrões. Cá de baixo, sinto-me pequenino. Amanhã, uns colegas do Martins investigam e processam um ministro ou um deputado, e vejo o acusado a responder à la Martins: "Eu não fiz nada! (...)

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Um preocupante caso de miopia (ou será "vista cansada"?)

Esta curiosa afirmação foi comentada
com algumas fotos que se podem ver [aqui]

Os culpados escapam sempre

Por Baptista-Bastos

O ORÇAMENTO, aquilo que dele conhecemos, impõe-nos a obediência total a uma tremenda iniquidade. Falemos de servidão, afinal o que as circunstâncias favorecem: não podemos desobedecer porque o imposto de submissão, engendrado pelo Governo PS, abate-se sobre nós, e responsabiliza-nos sob a fórmula de "o interesse nacional". Expressão cuja lógica é a de comprometer toda a gente menos aqueles que, rigorosamente, são os culpados. O clamor de protestos que se escuta por aqui e por ali conduz-nos ao carácter relacional do poder. E induz-nos a reflectir sobre a sua natureza. No caso português, sobre a monstruosidade das suas aberrações. (...)

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19.10.10

Marcelo continua a não anunciar

Por Ferreira Fernandes

DE MARCELO Rebelo de Sousa sempre se suspeitou que o seu destino estava relacionado com o Palácio de Belém. E, de facto, a carreira, embora lenta naquela direcção, vai-se fazendo, imparável. Na década de 90, ele foi uma espécie de maître d'hôtel: soprou a Paulo Portas, então director de O Independente, o que fora a sopa servida no palácio. Ficou célebre essa história da vichyssoise porque Portas denunciou a autoria do sopro e a inexistência do jantar. E, agora, eis Marcelo promovido a porta-voz do palácio.
Antigamente, os jornais anunciavam: "Suas majestades e suas altezas passam sem novidade em suas importantes saúdes." Foi também assim que Marcelo, em directo na TVI, apregoou a decisão de Cavaco no seu importante tabu: "Sabe que Cavaco Silva vai anunciar a candidatura? E sabe quando? Dia 26... às 8 da noite... no Centro Cultural de Belém."
Fiquei, claro, expectante. Não, não sobre o anúncio de Cavaco. Mas pergunto-me sobre a próxima vez que o destino de Marcelo se cruza com o Palácio de Belém. Chefe da frota? Pergunto-me com tristeza, porque depois da irrelevância que anunciou anteontem, Marcelo falou da atitude do Presidente chileno na história dos mineiros. E falou com tal inteligência e sensibilidade que me fazem lamentar que, em vez de postos subalternos, ele, Marcelo, não se candidate, de vez, ao lugar que lhe cabe naquele palácio.
«DN» de 19 Out 10

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Convite aos leitores do 'Sorumbático'

4ª-feira, 20 Out 10, às 19h

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E depois?

Por João Paulo Guerra

OS PORTUGUESES vão acabar por entender, perante esta etapa da crise e face à brutalidade das medidas de austeridade, que tanto lhes faz como lhes fez votar PS ou PSD.

As políticas dos dois partidos são idênticas, apenas divergindo em questões de luta pelo poder. O PSD não está em desacordo com o Orçamento do PS: está a fazer o seu número de prestidigitação para tirar um Coelho da cartola, ao mesmo tempo que procura que seja o PS a fazer o trabalho sujo, que lhe desbaste o caminho. Enquanto isto, o PS vai tentando diferenciar-se do PSD invocando a defesa do Estado Social, com o que poderá enganar mais uns tantos que acreditem que o Estado Social se defende com um Orçamento intermediado pelos bancos (...)

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18.10.10

O Padre Ventura é perigoso


Por Alfredo Barroso

ESTÁ A CIRCULAR na Internet uma entrevista de um tal padre Fernando Ventura à SIC Notícias, que é um modelo de demagogia antidemocrática disfarçada de erudição.

Até certa altura da entrevista, este padre faz críticas que qualquer cidadão sensato – e justamente indignado com o que se está a passar – poderá subscrever e compartilhar.

Mas, a partir de certa altura, insidiosamente e como quem não quer a coisa, o padre vai arrasando os políticos (todos os políticos), os partidos (todos os partidos) e, implicitamente, todo o sistema democrático (que é demonizado).

E quando, às tantas, ele diz que os conceitos de «esquerda» e «direita» estão ultrapassados, descobre a careca. Já sabemos, há mais de meio século, que esse é um argumento típico de gente de (extrema) direita.

Foi com discursos como este que a (extrema) direita católica e os militares reaccionários deram o golpe do 28 de Maio, em 1926, acabaram com a I República, foram buscar Salazar e implantaram o Estado Novo, que oprimiu o País durante quase meio século.

Aliás, é com manifesto deleite e desonestidade intelectual que o padre Fernando Ventura ataca e arrasa a I República, indo ao ponto de concordar com a entrevistadora quando esta dá a entender que, hoje, há tanto analfabetismo em Portugal como há 100 anos. De bradar aos céus!

Não admira que, no ambiente tão deletério em que estamos a viver, tenha aparecido agora outro padre (nos telejornais) a celebrar a missa numa igreja cheia de devotos (fregueses) com capacetes na cabeça (tal como ele) e a proclamar que a I República «roubou» aquele templo à Igreja, faz agora 100 anos.

O padre Ventura chega mesmo a sugerir que os políticos sejam levados a tribunal. Mas ainda não vai ao ponto de propor – como ouvi um «popular» dizer, num fórum da SIC Notícias – que os militares deviam prender estes governantes e julgá-los em tribunal marcial.

Nada disto acontece por acaso. E é vergonhoso que a Igreja esteja, insidiosamente, a aproveitar-se da situação de gravíssima crise que o País atravessa, para pôr as garras de fora e atacar brutalmente a democracia.

É evidente que isto não me dispensa de criticar duramente José Sócrates e Pedro Passos Coelho - políticos de plástico que rivalizam na demagogia, na irresponsabilidade e na incompetência políticas - nem de desejar a demissão de um dos mais patéticos Ministros das Finanças que já tivemos desde o 25 de Abril: Teixeira dos Santos.

Mas julgo que os democratas devem ter o cuidado de saber distinguir entre a crítica política necessária - e contundente – ao poder do dia, e este discurso reaccionário, «neo-clericalista» e antidemocrático de um padre que é, manifestamente, oriundo da direita mais reaccionária.

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Neptunistas e Vulcanistas

Por A.M.Galopim de Carvalho

O PRIMEIRO contacto do Homem com o magmatismo e com as rochas magmáticas fez-se através do vulcanismo activo, processo geológico que as populações da margem norte do Mediterrâneo puderam presenciar desde sempre. Santorini, ilha grega das Cíclades, no mar Egeu, Vulcano e Estromboli, nas ilhas Lipari, Etna, na Sicília e o Vesúvio, na Itália, foram, além de uma curiosidade, uma enorme preocupação para todos os que viveram ao lado deste vulcões. (...)

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Outonal

Por Rui Tavares

DURANTE o Verão, Pedro Passos Coelho começou a parecer-se com o tipo que ganhou o euromilhões mas não teve tempo para levantar o prémio.

Semanas ou meses antes, com um empurrãozinho do caso PT/TVI, o poder ter-lhe-ia caído no colo. As sondagens eram boas, Pedro Passos Coelho teria chegado a primeiro-ministro se as eleições tivessem sido antecipadas naquela altura. Mas ele preferiu esperar que o governo “caísse de maduro”, no que aliás tinha o acordo da maioria dos comentadores da sua área política, ou preferiu “cozer o governo em lume brando”, como dizem os sabichões destas coisas, ou ainda, noutra frase também muito usada nestas ocasiões, “decidiu que não era o seu momento”. (...)

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17.10.10

Luz - Transporte de leite, São Miguel, Açores

Fotografias de António Barreto- APPh

Cicar na imagem, para a ampliar
Esta imagem tem mais de vinte anos. Imagino que hoje é impossível. A “modernização”, a UE e a ASAE não o permitiriam. (1985)

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«Dito & Feito»

Por José António Lima

PASSOS Coelho tem dois desafios de vulto pela frente. O primeiro é imediato e terá que o ultrapassar nos próximos dias. O líder do PSD já percebeu, ou já o fizeram perceber, que a ideia de chumbar o Orçamento para 2011 é politicamente suicida. E já compreendeu que a sua margem de recuo é mínima e estreita, depois de ter falado de mais e vezes de mais sobre o tema, radicalizando imponderadamente a sua posição e o seu discurso.

Agora, terá que revelar todo o seu talento político para dar o dito por não dito. Para não se afundar num voto irresponsável e afundar, com ele, o país. (...)
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Foi actualizado, com esta e outras 4 anedotas ilustradas,
o arquivo Humor Antigo correspondente ao ano de 1920

16.10.10

A 'pen' continua a ser portuguesa

Por Ferreira Fernandes

UM ORÇAMENTO, como qualquer pintor de paredes que vai lá a casa pode explicar, são números. Tanto para estucar, tanto para tintas, tanto para mão-de-obra, enfim, tanto de despesas, contando com o tanto de receitas que espera que lhe passemos para a mão. Porém, em tratando-se dessa gravidade que é o Orçamento do Estado português, a coisa não se passa com duas demãos. É, antes mesmo de ele existir, um duelo psicológico tremendo. Uma chantagem ("vota!"), uma teimosia ("não voto!"), um coro ("vota! vota! vota!") e (esse, o mais português) um tabu ("não digo"). O psicodrama vale o que vale porque se fizermos um balanço toda a gente sabe o que vai acontecer: o que sempre tem acontecido. Isto é, o Orçamento será aprovado. Apesar dessa inevitabilidade, passamos semanas a discutir uma probabilidade inexistente. Um Orçamento a sério deveria começar por cortar na despesa dessa discussão anual e inútil. Posto esse nada de lado, há ainda o dia, como foi o de ontem, em que o Orçamento chega ao parlamento. Já veio em calhamaços, em disquetes e pens, mas há todos os anos um ponto comum: nunca chega a horas.
O Orçamento pretende acertar nas mais complicadas estimativas para todo o ano seguinte, mas não consegue nunca acertar no dia de entrega... Resta este acerto: Orçamento diz-se português e é. Até mais não.
«DN» de 16 Out 10

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O Prof. Galopim sugere-nos, hoje, mais uma receita, desta vez um puré de maçã reineta- a ver [aqui].

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