30.6.14

A Marca Amarela

Num posto de Inspecção Periódica Obrigatória
As marcas amarelas pintadas no chão mais parecem publicidade subliminar! O Citroën que se vê ao fundo acaba de passar, com êxito, todos os testes necessários para obter a aprovação.

Ah, os varandins que nos lavam os olhos!

Por Ferreira Fernandes 
Ontem fui ao lançamento de um livro de crónicas de um jovem amigo, Nuno Costa Santos. Fui um dos que apresentaram o livro Vou Emigrar para o Meu País. Obriguei-me a explicar o que eu achava ser um livro de crónicas, o que eu me dispensaria se se tratasse de um livro de poesia ou de reportagens. Mas uma crónica, o que é? Opinião? Muita liberdade sobre os factos? Total liberdade, até invenção pura? Lembrei ao próprio autor que ele, numa das crónicas, dizia que inventar, tudinho, não. Ora um magnífico cronista, o brasileiro Joaquim Ferreira dos Santos, ao prefaciar As Cem Melhores Crónicas Brasileiras (uma seleção em que na correspondente em futebol nem Neymar entrava, quanto mais Fred) escrevia: em crónica "vale tudo, menos ser chato". Difícil, não é?, não ser chato quando nos sentimos obrigados a comentar o noticiário rasteiro. Um tipo vulgar, fraco e sonso, sonso, fraco e vulgar ocupa uma posição inusitada na conversa nacional, como escapar dele? 
Antes de apresentar o livro, na FNAC do Chiado, eu e o Nuno estávamos numa daquelas janelas de pé-direito, com o Castelo ao fundo. Mais perto, no varandim de uma casa de prédio pombalino, um homem cortava o cabelo à mulher, casal jovem, com ela de bata, sentada numa cadeira vulgar. Ele inclinou-se para a beijar entre duas tesouradas. O livro do Nuno tem uma crónica sobre um miúdo que passou a crónica a dizer-lhe: "Eu já tenho 4 anos." De facto, com tanto para voar, por que chafurdar?
«DN» de 30 Jun 14

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29.6.14

Os pinta-paredes (104)

Lagos, Parque da Cidade
Dar pérolas a porcos é isto. A agravante é que os gatafunhos são feitos com spray em superfícies de limpeza difícil ou impossível, como pedra porosa (bancos) e betão (pavimento).

Luz - MFA, Museum of Fine Arts, Boston, Estados Unidos

Fotografias de António Barreto- APPh
Clicar na imagem para a ampliar
Imagem da Cafetaria do MFA de manhã cedo, antes da chegada dos clientes e visitantes. As formas geométricas e o jogo de luzes atraíram-me. O efeito de positivo e negativo nas mesas e a ruptura que as linhas oblíquas criaram nas perpendiculares chamaram-me a atenção. O andar da rapariga, em diagonal, na luz e nas sombras igualmente diagonais estava a pedir a fotografia… (2003)

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ALTERAÇÃO DAS ROCHAS (4)

Por A. M. Galopim de Carvalho
ALTERAÇÃO BIOQUÍMICA
ESTE TIPO de alteração actua, em maior ou menor escala, nas zonas ditas temperadas e nas intertropicais. Pouco intensa nos domínios da tundra e da taiga, bastante activa à latitude da floresta temperada, atinge o máximo de intensidade nas regiões quentes e húmidas, sob a floresta chuvosa equatorial. A maioria das reacções químicas inerentes a este tipo de alteração têm lugar na presença de seres vivos, sendo da responsabilidade da actividade fisiológica destes ou dos produtos da sua decomposição após a morte.(...)
Texto integral [aqui]

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28.6.14

Esta gente continua a sentir-se no direito de tratar os seu clientes por "tu"... Como demonstração de "falta de chá", seria difícil arranjar melhor.

Apontamentos de Lagos

No que toca à limpeza e higiene urbanas, Lagos está de parabéns, e bate aos pontos cidades como Lisboa. Saltam à vista a enorme quantidade de ecopontos (amiúde esvaziados) e o varrimento das ruas (por equipas incansáveis). A limpeza e corte da relva dos jardins públicos e o desentupimento atempado das sarjetas (antes das chuvas) também estão a crédito da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia.

Não há lição a tirar, é assim

Por Ferreira Fernandes
O mundo começou faz hoje cem anos. Era a Belle Époque, um casal de príncipes de Viena num descapotável, chapéus pintados por Toulouse-Lautrec e nem os dois tiros da pistola abafam as valsas na gentil Sarajevo. A História tem sentido cénico, sabe criar o momento que anuncia o seu contrário. Os penachos nas cabeças arquiducais dos pobres Francisco Fernando e Sofia marcaram, hoje, o fim de ontem. Tiros dados, chapéus depenados, ficou-se em pousio um mês exato, as chancelarias são tudo menos precipitadas, e a 28 de julho começámos a saber o que o hoje nos reserva. Declaradas as guerras várias, pôde passar-se aos factos e que não são as permutações contadas pelos livros, império austro-húngaro contra a Sérvia, entra a Rússia e Berlim, Paris, Londres e América e até o corpo expedicionário português. Não, o essencial explica-se num desenho de criança. Encosto-me a uma parede de prédio e imagino-me a cavar um buraco de altura de homem e largura que um braço alcança. Do outro lado da rua, outro que faça o mesmo. Os personagens já estão definidos: eu e o outro. Prolonguem-se os buracos em serpentinas paralelas, chamem-lhes trincheiras, longas de 4 anos e 700 km, do mar do Norte à Suíça. Encham as trincheiras de nós e de outros, ouvindo-se e matando-se mas paralelos, quase nunca se tocando. Nós e os outros sempre houve, mas a Grande Guerra confirmou que tinha entrado no ADN humano. Já podíamos saltar das trincheiras. E cá estamos.
«DN» de 28 Jun 14

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27.6.14

Quem disse isto? (O Gooogle responde, claro...)

«A única coisa que aproveito para enfatizar é que todos aqueles que produziram os seus descontos e que têm hoje direito às suas reformas e às suas pensões as deverão manter no futuro, sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu».
 *
Actualização: De certa forma, a resposta já foi dada no 1.º comentário («Pedro Passos Coelho, em Abril de 2011»), como se pode ler, em jornal da época, [aqui].

Contributos para a discussão sobre a calçada portuguesa

Lisboa, Praça de Londres
7 pedras negras, 7 pedras brancas e um bêbado para as colocar...

A culpa é toda minha e todinho continuo...

Por Ferreira Fernandes
Rebobino: bastam os três minutos finais. Vão lá ver. Para quem acredita em si durante um longo tempo de trabalho, uma vida ou 90 minutos, não preciso de explicar que a felicidade é possível. Esses sabem, são gente de bem consigo, são os holandeses desta vida. Falo para os outros, os que remetem as ganas para os três minutos finais. Esses podem ter sorte, mas é raro. Porque o tempo é tão curto, acontece uma perna adversária interpor-se ou o capricho de um ressalto e, aí, apesar da sucessão de boas oportunidades, falha-se. As ganas se são só finais quase sempre acabam esganadas pela pressa. Mas não é essa a melhor lição a tirar. À luz do que foi possível nos três minutos finais, a lição é: e se eu tivesse começado mais cedo? E se no resto anterior da minha vida (ou nos precedentes 87 minutos) eu já quisesse, aprendesse e insistisse? Claro que não falo só daqueles infelizes 13 ou 14 rapazes de ontem ao fim da tarde. Eles eram nós em calções. E nós, apesar do tanto interesse pelo futebol, que fizemos antes dos três minutos? Eu, por exemplo, perante um facto notório - Paulo Bento não poder ser treinador da seleção - porque não fui fazer uma greve de fome para o cimo da estátua do Marquês? Pelo menos, eu devia ter-me recusado a escrever-lhe o nome enquanto ele ocupasse, sem ter unhas nem saber, lugar tão importante. Ele quem? Ele. Comecei agora a não querer ficar esganado nuns quaisquer três últimos minutos do Europeu de 2016.
«DN» de 27 Jun 14

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26.6.14

Homenagem nacional ao Prof. Mendes-Victor

Por A. M. Galopim de Carvalho 
NASCEMOS no mesmo ano de 1931, convivemos, como colegas e amigos, mais de quatro décadas no nobre edifício da antiga Escola Politécnica, depois Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ele no Instituto Geofísico Infante Dom Luiz, eu no que foi o Museu Mineralógico e Geológico, e jubilámo-nos no mesmo ano de 2001. Ainda resistimos por dois anos à inglória situação de aposentados, mas a idade não perdoa. (...)
Texto integral [aqui]

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Qual CR7, temos é de jogar pelo Seguro!

Por Ferreira Fernandes
Isto já não vai lá com táticas nem é sobre a relva que pode vir o milagre. Não é dentro das oito linhas que cercam o jogo de hoje, Portugal-Gana-Alemanha-EUA, que se resolve o assunto. É na secretaria. A hora não é de fintar ou chutar, é de ajeitar os resultados. Qual CR7, temos é de jogar pelo Seguro! Os outros que tentem resolver a coisa em 90 minutos, nós é mais impugnações. Por exemplo, que fez a FPF sobre o avião de dinheiro que se não chega ao Brasil levará os jogadores do Gana a não jogar? Seguro já teria contactado aquele diretor (parente de um amigo da Distrital de Aveiro) da Agência de Aviação Civil brasileira e o avião era mandado para trás. Com falta de comparência dos ganeses e o resultado de 3-0 a nosso favor, haveria ainda a tratar da ampla vitória alemã sobre os americanos. O delicado Seguro já teria enviado um gentil cesto de dióspiros ao ministro alemão Schäuble. Depois, o Seguro amável debruçava-se sobre aquela vírgula nos estatutos (ele conhece-os todos, da federação socialista do Porto ou da FIFA). De certeza que é possível uma interpretação que impeça a amizade dos treinadores alemão Löw e americano Klinsmann. E se não houver vírgula, há sempre o trema do Löw. O que importa é que o destino do Grupo G ficaria adiado só lá para setembro. E, bem ajeitadinha, a final do Mundial ia coincidir com o calor do Carnaval do Rio. Ninguém a queria, exceto o Portugal do Seguro afetuoso. Campeão, pois. Parabéns à prima.
«DN» de 26 Jun 14

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Pergunta de algibeira

Alguém sabe o que é isto?
.
Actualização: a resposta certa já foi dada em "comentário".

A política, a ética e o PSD

Por C. Barroco Esperança
Se houvesse um módico de ética, não seria preciso esperar pela sinecura no BES para Paulo Mota Pinto renunciar a todos os lugares políticos.
Quem propõe estrear-se na presidência de um banco, com um presente atribulado e um passado suspeito, depois de ter sido conselheiro do TC, donde provavelmente está reformado, sem nunca ter entrado num banco a não ser como cliente, perde autoridade moral a troco de trocos e faz jus ao partido que o vai nomeando comissário político. (...)
Texto integral [aqui]

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25.6.14

Apontamentos de Lagos

Lagos é uma cidade bastante simpática. Só é pena que, por lá, os direitos dos peões estejam "abaixo de cão"... E ninguém estranha.
(A expressão "abaixo de cão" deve aqui ser entendida no sentido literal, pois estes condutores afastam-se se virem um cão, mas já não o fazem em favor de um peão. Este é que tem de se desviar, como fez a senhora da imagem - e, naturalmente, o fotógrafo...).

NA PRIMEIRA PESSOA - Ai a minha mãe!...

Por Antunes Ferreira 
Numa mata cerrada a diferença do dia para a noite são os animais; no resto tudo é escuridão graduada desde o cinzento carregado até ao preto tinta-da-china, mas sem tira-linhas. As árvores tapam o sol e tapam a lua, mais qual? De dia o silêncio assusta; de noite, os uivos, os grasnidos, os piares assustam também. Será que silêncio significa sossego? Bem pelo contrário. Os caludas em tom sussurrado atrofiam os homens fardados.(...)
Texto integral [aqui]

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Apontamentos de Sintra

O Novo Acordo Ortográfico aboliu alguns "C". Neste restaurante procedeu-se ao contrário...

A contenda no PS

Por Baptista-Bastos
A briga no PS pode ser críptica se confundirmos o seu significado. Que querem, um e outro, António Costa e António José Seguro? A briga é, apenas, mera e indecorosa questão do poder pelo poder ou, antes, um problema ideológico? Seguro fez um trajecto cauteloso e astuto no PS. Calou-se e colocou-se de atalaia, sem nunca manifestar opinião sobre os desenvolvimentos da política de José Sócrates. E saltou para a arena quando Sócrates foi cercado. Como têm dito dirigentes do PSD e comentadores de direita, como o Marcelo ou o Marques Mendes, ele é proveitoso às políticas de Passos Coelho. Os próprios resultados das eleições para a Europa provaram que o português médio fora prudente na decisão. A verdade é que António Costa, goste-se ou não do estilo e da oportunidade, provém de outro forno e traz consigo outra marca. As afirmações que tem produzido induzem-nos a pensar, acaso precipitadamente, estar disposto a reformular a estratégia "socialista" firmada por Seguro, e a estabelecer acordos e compromissos à esquerda.
Não acompanho a comoção dos que viram na simbologia do punho esquerdo cerrado e da reintrodução dos vocábulos "socialismo" e "classe operária" o regresso à pureza inicial do léxico "revolucionário". O PS é o que é e o que sempre foi. Precisa é de mais vergonha na cara e de escrúpulo e pudor no comportamento, ele, que se associou, durante anos seguidos, à direita no seu pior e mais execrável. Acontece um porém: na aparência, António Costa demonstra uma conduta ideológica que define um estilo e assinala uma diferença. Mas a política é uma comédia de enganos e já vi muito para ir atrás do banjo de qualquer suserano. Aguardo para conhecer as cartas.
Convenhamos, porém, que Seguro, cuja trajectória tenho seguido, por vezes com caretas de apreensão, não dispõe do estofo de estadista e carece daquela ética republicana que faz de um homem vulgar um cidadão inabalável. É um almofadinha, como já alguém disse e escreveu. Há anos, desenvolto moço, azougado, mas já grave, declarou, numa entrevista ao Expresso, que estava muito cansado da política autóctone mas amplamente disponível para se deslocar para o Parlamento Europeu. E foi (1999-2001).
O que tem dito e feito parece-me seguir essa linha prudente que embala um destino sem grandeza e sem brilho, mas acautela um futuro tranquilo. Nunca poderia transformar o PS noutra coisa senão aquilo que o PS é e tem sido. A incógnita consiste em saber-se o que quer António Costa. Claro que a manifestação "espontânea" de Ermesinde, onde o insulto e o ultraje fizeram morada, não apazigua o conflito no PS. Pelo contrário. As feridas que se abriram ou reabriram são infectocontagiosas. Como afirmou o Marcelo, esta disputa é "música celestial" para o PSD.
«DN» de 25 Jun 14

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24.6.14

Um livro sempre actual

Este livro, velhinho mas perfeitamente actual, devia ser de leitura obrigatória - e, já agora, relido nos períodos de histeria futebolística, como o que neste momento atravessamos.
Nele se explica, p. ex., o motivo pelo qual é nos países mais atrasados que a loucura da bola é maior...

Já se percebeu

Por Helena Matos
O Élsio Menau vai fazer parte das nossas vidas. O dito Élsio fez como trabalho de fim de curso uma forca na qual dependurou, de cabeça para baixo, a bandeira portuguesa. O dito trabalho intitulado “Portugal na Forca” mereceu a classificação de 17 valores no curso de Artes Visuais na Universidade do Algarve (se um trabalho que teve 17 era isto o que serão os de 20). O trabalho de final de curso esteve exposto, durante dois dias, num terreno baldio às portas de Faro e valeu ao seu autor a acusação de crime de ultraje à bandeira nacional. O responsável por tão inusitada acusação devia ser ele mesmo levado a tribunal. Em primeiro lugar porque a acusação não tem ponta por onde se lhe pegue e depois porque uma vez mobilizado o circo de apoio ao artista censurado já se sabe que vamos ter Élsio para o resto da vida. Já estou a ver dezenas de rotundas com as obras do Élsio artista contestatário, mais o Élsio à beira Tejo artista inconformado, sem esquecer o Élsio no Padrão dos Descobrimentos artista da desconstrução do simbólico do Estado Novo apropriado pela Democracia. O Elsinho tem a vida garantida cá no burgo. 
In Blasfémias

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23.6.14

Conselho sábio caso corra para o torto

Por Ferreira Fernandes 
Escrevo antes do resultado de Manaus e na certeza de Portugal não se ter precavido com cuidados primários em situação de catástrofe. Felizmente, basta copiar outros países. O Ministério de Saúde inglês conhece os números: homens internados com ataques de coração aumentaram 25 por cento quando a Inglaterra foi derrotada nos penáltis pela Argentina, no Mundial de 1998. A angústia do adepto no momento da derrota pode transformar-se numa epidemia mortal. O Men"s Health Forum, uma organização subsidiada pelo Governo, publicou um Guia de Sobrevivência para o Mundial de Futebol onde se previa a hipótese de a seleção inglesa regressar a casa demasiado cedo, o que veio a acontecer. Entre os conselhos, este: "Faça sexo." No guia com cuidados publicitários não faltou, depois do conselho, uma citação célebre. No filme Trainspotting (passou cá com esse título em inglês), o personagem principal, um escocês, compara o que é comparável, depois de ter feito sexo: "Nunca me senti tão bem desde que Archie Gemmil marcou contra a Holanda, em 1978." Gemmil foi um internacional escocês só célebre por esse belo golo no Mundial de 1978. Confirmo a relação. Quer dizer, futebol e sexo. Um dia, em entrevista para o Tal & Qual, o avançado portista Fernando Gomes definiu-me o que era marcar um golo: "É como uma ejaculação." Repito, ainda não conheço o resultado de ontem à noite. Mas se der para o torto a tática parece-me boa.
«DN» de 23 Jun 14

ALTERAÇÃO DAS ROCHAS (3)

Por A. M. Galopim de Carvalho
ALTERAÇÃO MECÂNICA 
A distinção entre alteração mecânica e alteração bioquímica reflecte, sobretudo, uma preocupação pedagógica, uma vez que na natureza há sempre associação dos dois processos, dominando um ou outro, isso sim, consoante as condições ambientais. 
A alteração mecânica predomina largamente nas zonas climáticas que têm em comum acentuada pobreza de água no estado líquido, quer por extremo calor e secura quer por excesso de frio e, consequentemente, caracterizadas pela quase inexistência de vegetação. (...)
Texto integral [aqui]

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22.6.14

Ouçam o que vos digo que 'tou a ficar farto

Por Ferreira Fernandes
Se a Alemanha ganhou a Portugal, esperando pelo Gana, que perdeu com os Estados Unidos, que vai jogar hoje com o Portugal que espera pelo se de lhes ganhar, o que torna a hipótese de vitória seguinte sobre o Gana, entretanto empatado com a Alemanha, uma portuguesa certeza de passar, com certeza, seja o que acontecer - empate, derrota ou vitória - no embate alemão e americano (capricho de dois treinadores alemães que é melhor evitar ter dotes de decisão), se, quiçá, talvez todos esses acasos ocorrerem, fica Portugal com o destino de depender só de si, eventualidade que não acontecia antes das ganas com que o Gana jogou ontem. Assim, portugueses, um primeiro dever: obrigado, Gana! Dito isso, que é próprio de gente de bem, que se passe à outra fase, que é a de gente de força, e se ganhe aos americanos. Que depois disso nada mais se pense dos ganeses, senão ganhar, ponto. E depois destas partes gagas que nos levaram às complicadas frases iniciais desta crónica, aprendamos de vez que se devem evitar as contingências dos se e dos talvez porque nem sempre a vida nos fornece ganeses para termos uma segunda vida. Os jogos, cada jogo, é para ganhar. A matemática, cálculos e combinações não é para gente com os vossos penteados. Deixem isso para os pobres diabos que não sabem fazer mais nada. Vocês sabem. Digam-no com os pés e o arreganho. Nada mais se vos pede: um, um só, golo mais que os outros, de hoje até ao mês que vem. Está a andar!
"DN" de 22 Jun 14

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Luz - Cartagena de las Índias, Colômbia

Fotografias de António Barreto- APPh
Clicar na imagem para a ampliar
Neste comércio de rua, vende-se reconhecidamente lotaria, mais talvez outros produtos menos visíveis e carregam-se baterias de telemóveis e de máquinas fotográficas. Estamos num pequeno parque aprazível, no meio da cidade antiga ou colonial. Também por ali se namora, conversa e lê jornais. Tal como os telemóveis fixos, este carregamento de baterias, que se faz por toda a cidade, é revelador da imaginação para o negócio. (2003)

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21.6.14

O PAÍS QUE AÍ VEM

Por Guilherme Valente
1. O flagelo do «partido» único das «ciências» da educação que domina o ensino praticamente desde o 25 de Abril, não vitimou apenas os alunos, enganando-os sobre a função da escola e a vida, embotando inteligências e vontades. Atingiu também os professores, instrumentos e vítimas, bode expiatório dos resultados escolares anos e anos a piorar. E contagiou os pais, frequentemente barreira à mudança na educação. Uma manifestação expressiva da situação a que esse flagelo, facilitista e infantilizador, conduziu é a choradeira de muitas mães por causa do suposto stress dos meninos com os exames. Exames de caca, registe-se. 
Muito pelo contrário, o que tem faltado é um mínimo de exigência, de exames a valer. Exames que no estado a que o ensino chegou são instrumento incontornável de regulação e construção da escola, que é natural e desejável induzirem nos alunos e nos professores empenho e preocupação, e mesmo um saudável stress. Professores que é urgente libertar, isso sim, de um outro stress, esse bem nocivo, o da burocracia cretina com que foram sendo asfixiados. Burocracia que este Ministro ainda não... implodiu. E o regime de exames imperativo na nossa escola é, evidentemente, diferente do praticado nas escolas responsabilizadoras de sociedades como o Japão, Finlândia ou Macau, com professores formados a sério e motivados e famílias com outras características culturais. É esta evidência que o especialista da OCDE que recentemente se referiu aos exames em Portugal devia perceber, não esquecendo a sábia asserção de Marx quanto à necessidade da análise concreta da situação concreta. São generalizações dessas que contribuem para perpetuar as desigualdades entre os países, impondo aos mais atrasados um queimar de etapas que só agrava a situação de partida. O que se passou na educação em Portugal é prova disso. Só depois das mudanças introduzidas por Justino e reforçadas por Sócrates se terá manifestado progresso nos resultados dos alunos portugueses nas provas comparativas internacionais. Progressos verificados só depois dessas mudanças, num dos testes com alunos apenas com quatro anos de escolaridade. Depois de em todos os anos anteriores os resultados terem sempre piorado. Bastaram, aliás, uns examezinhos para se perceber que os resultados estão a melhorar. Por isso a agitação da FENPROF, das associações de professores de Matemática e de Português, de associações de pais, que pais? 
2. Mas há outra manifestação assustadora dessa mundivisão posmoderna (com que a nossa velha cultura tão bem se dá) de que a educação que temos tido foi ponta de lança e modelo. Manifestação que os mídia tem reportado com silêncio crítico, como se não se tratasse da obscenidade que na verdade é. Situação de que a exigência e os exames, se persistissem, seriam factor de cura. 
Alguns títulos do Expresso
"Em 2013, pelo menos 5 mil crianças e jovens tiveram pela primeira vez acompanhamento por depressão. Consultas subiram 30%"; "Mil embalagens de antidepressivos e ansiolíticos receitados no ano passado a adolescentes entre os 12 e os 19 anos"; "Bebés também ficam deprimidos. Na Estefânia foram atendidos 20 em 2013"; "É urgente aumentar camas de internamento". 
Para quê as campanhas do Dr. Francisco George? Prevenção da toxicodependência, para qûê? Não está, afinal, em curso uma sementeira para o consumo de todas as drogas?  
Nos anos que aí vêm que País irá ser o nosso? 
"Expresso" de 21 Jun 14

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País em pânico com a vaca jihadista

Por Ferreira Fernandes 
Em São Pedro do Sul, um vendedor de gado foi preso por um assunto que aqui não interessa. Com os vasos comunicantes que dão interesse à vida, a prisão do dono deu liberdade ao gado abandonado à sua sorte. Uma vaca de olhos ternos mas hastes firmes, leitora talvez das aventuras do Marreta que há uns meses emocionou o País, decidiu também ser notícia. Ao lugar chama-se Terras do Alto, as aldeias, Cotães e Moldes, olhando o rio Sul que corre lá em baixo - foi esse cenário bucólico que a nossa vaca decidiu inquietar. O Minho e o Douro já tiveram o Zé do Telhado e o Algarve, o Remexido, mas de bandidos de estrada notórios não consta o centro. A vaca das Terras do Alto, atenta às notícias, também parece ter sido leitora de História - por que não uma Maria da Fonte de cascos e cornos? E pronto, durante duas semanas, a vaca, escolhendo a calada da noite, como é próprio do destino que escolheu, calcou culturas e assustou gentes. Os jornais apressados e as televisões levezinhas deram eco de Iraque às tropelias inocentes nas Terras do Alto: "Aldeia em pânico com vaca brava!", titularam. Alertou-se a Proteção Civil, constou a fuga de dois militares da GNR investidos, Ricardo Araújo Pereira ousou brincar com os magotes de aldeões com chuços à caça da bandoleira solitária... Uma camponesa, enfim, encerrou a vaca no lagar. Diz-se que os povos felizes não têm notícias. A nossa ânsia em tê-las se calhar é mais uma prova do nosso masoquismo.
"DN" de 21 Jun 14

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20.6.14

O Governo insiste em ilustrar o povo

Por Ferreira Fernandes 
Dialética é um dizer que não, outro, que sim, e no fim ganhar aquele que for mais importante na firma. É um conceito antigo, eu ia dizer que remonta a Sócrates não fosse o receio de que o Correio da Manhã aproveite e faça manchete: "Sócrates roubou a dialética ao grego Zenão de Eleia!" Trago a dialética aqui para louvar a iniciativa do Governo em tentar elevar o debate, fazê-lo filosófico até, em tempos em que as atenções populares estão tão junto à relva. Poucos perceberam o que fez Poiares Maduro, tipo inteligente e culto, ao dizer, anteontem: "Ai houve funcionários que já receberam as férias?! Tramaram-se, agora a devolução dos cortes não é para eles." Julgou-se que Poiares estava a criar uma nova categoria de funcionários, de segunda. Mas não, ele estava a participar num diálogo dialético. A prova é que, logo depois, ontem, um ministro mais alto do que Maduro trouxe a contradição: que não. Que, afinal, todos os funcionários são iguais e não se pensa pôr avisos nos urinóis da administração pública: "Proibido a funcionários apressadinhos que fazem férias primaveris." Não, repito: era só dialética: um murro nos dentes, um beijo na boca. E assim, pela contradição, avançamos. Aliás, não é nada de novo neste Governo. Ainda no ano passado, um ministro apareceu e disse: "Demito-me!" E dias depois: "Tarã! Voltei!" Só que essa contradição, protagonizada pelo mesmo, soou um bocado a esquizofrenia. Agora, é mais elaborada. É dialética. 
"DN" de 20 Jun 14

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NA PRIMEIRA PESSOA - Um pirolito igual ao nosso

Nesta rubrica escrevo, a partir de hoje, estórias
que se baseiam em episódios vividos por mim
nas mais diversas circunstâncias, desde as familiares
 até às profissionais, tentando assim repartir
com os leitores deste blogue experiências que fiz
durante a minha vida e que, na generalidade, e
 se o tempo retroagisse, voltaria a viver.
Espero que gostem. 
Por Antunes Ferreira
Fui mobilizado para Angola em 1966, depois de já ter sido promovido a alferes miliciano. Os acasos da vida aqui não entraram pois outros factores me forçaram a embarcar no “Uíge” com mais dois mil bicos fardados que foram encontrar a bordo uns quantos mais e quantas - e outros, entre as nove e as onze, mais acolhedores do que os restantes membros da tripulação. Estes últimos, poucos, tentaram de imediato fazer ralações, ups, relações mais próximas com os memb…, ups, a malta castrense. Vidas. (...)
Texto integral (aqui)

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19.6.14

Já está nas bancas

Por A. M. Galopim de Carvalho

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As três sílabas do nosso remorso

Por Baptista-Bastos
Vivemos de felicidades pequeninas, e inventamos esses instantes com a intuição secreta de que são precários e fugazes. Pouco temos a que nos pegar. Os amigos ou aqueles que estimamos vão-se embora, para outros sítios ou para sempre, encerrando o anel que parecia ligar-nos. Agarramo-nos, com o desespero de quem nada tem a perder e nada tem a ganhar, ao gosto de uma palavra, a um sonho ou, até, a um jogo de futebol, criando a ilusão de que somos felizes. Mas é sempre uma felicidade pequenina, e nós sabemo-lo com a noção dessa fatalidade irrevogável. Fomos alguma vez grandes? Inculcam-nos a ideia de que sim. Mas grandes para quem? Fomos nas caravelas, criámos um leito de nações deitando-nos com tudo o que era mulher. Talvez a nossa grandeza resida aí: no gosto e no apreço pela mulher.
Tudo o que trouxemos e roubámos foi para os outros. É sempre assim. Jorge Brum do Canto, aquele realizador de cinema de que já ninguém fala, sequer levemente, disse-me, um dia, no Botequim da Natália, que somos o mesquinho na mesquinhez: pequeninos e queremos e gostamos de o ser. Precisamos de ídolos, ídolos?, que completem a nossa incompletude. Agora, neste mesmo instante, é o Cristiano Ronaldo, que se passeia num Lamborghini para satisfazer a nossa inveja. Ele é a nossa vingança momentânea, também ela momentânea e precária, enchemos as praças públicas, transferindo para ele as nossas frustrações e as nossas derrotas. Perdemos. Levámos uma cabazada, e o inchaço da pequenina esperança, tudo pequeno sempre muito pequeno, esvaziou-se como um balão. Lá vamos, cantando e rindo, diz o hino mentiroso. Lá vamos.
Depois, esquecemos tudo. Até a miséria esfarrapada do nosso esfarrapado viver. Protestamos sem ira nem cólera. Protestamos com estribilhos e dizeres em cartazes, e vamos à vida que se faz tarde. Somos o Mundial! Gritam as televisões, todas as televisões, durante todo o dia, e enviados especiais embevecidos, comentadores severos, especialistas engravatados e graves ensinam-nos as razões por que perdemos. Lá vamos, cantando e rindo. Dizia o O' Neill: "Às duas por três nascemos/ às duas por três morremos/ e a vida?, não a vivemos." O O' Neill é como o Pessoa: serve para explicar o aparentemente inexplicável. Lemos os jornais, os que lêem, claro!, e o fastio é tanto que só sabemos de futebol: decoramos os nomes, os lances e as jogadas, nada de mais nada. Somos assustadoramente ignorantes, iletrados contundentes, fecham-se escolas, reduz-se o dinheiro para o ensino, os miúdos vão para as aulas em jejum, e temos, temos é como quem diz..., três jornais diários consagrados ao futebol, fora o que escorre, uma multidão de programas de, sobre e com futebol e adjacências; o mesquinho na mesquinhez elevado ao quadrado.
"Se fosses só três sílabas, Portugal..."
"DN" de 18 Jun 14

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Emprego feminino com contratos Durex

Por Ferreira Fernandes
Dos jornais: "Há empresas que estão a obrigar trabalhadoras a assinar por escrito que não vão engravidar nos próximos cinco anos." Quanto a mim, o que urge são aulas básicas de educação sexual aos patrões: não, a gravidez não se apanha não assinando por escrito. Aliás, assinar não é um método contracetivo. E para prazos tão dilatados, cinco anos, o melhor é a castração química do marido da funcionária: "Querido, arranjei emprego, mas tens de passar na clínica da empresa..." Estes contratos Durex baralham-nos o vocabulário. A medicina no trabalho agora vai chamar-se obstetrícia? Todos os dias, ao entrar, eles picam o ponto, já elas fazem o teste de gravidez. A gravidez, passando a ser a falta laboral mais grave, acima de roubar a empresa está ovular. Engravidar por acaso dá direito a despedimento, por inseminação artificial, já revela dolo, além de ir para a rua tem de se pagar indemnização ao patrão. A trabalhar, a Ivete era um fenómeno e foi despedida: o patrão receou que se tornasse um fenómeno reprodutivo. Já Marília, a mulher de limpeza, chegava de madrugada ao escritório e trabalhava às escuras: não queria ser apanhada a dar à luz. Levar trabalho para casa, elas podem, mas têm de deixar o útero no cofre da firma. Recursos Humanos, comunicação interna: "Dona Olga, os nossos serviços ainda não receberam os dados sobre a sua última menstruação." E eles, quando emprenham pelo ouvido, também são sancionados?
"DN" de 19 Jun 14

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Voltaram as guerras religiosas

Por C. Barroco Esperança
Quando julgávamos que a secularização tinha contido as pulsões homicidas em nome de Deus, esquecíamos o cancro que corroeu povos tribais e países civilizados onde germina o ódio e floresce a fé. A laicidade não foi suficiente, nem na Europa, para impedir que a fanatização tivesse lugar nas madraças e mesquitas. 
Muitos europeus caucasianos, sem emprego nem futuro, aderiram ao mais implacável dos monoteísmos – o Islão –, e combatem por um déspota virtual ao serviço do ódio, do tribalismo e de um “misericordioso” profeta analfabeto, impacientes por impor a sharia.  (...)
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16.6.14

Hoje é dia de não sei quê

Por Ferreira Fernandes 
Hoje, 16 de junho. As datas não são acasos. Podem ter significados obscuros, mas têm-nos sempre. O 16 de junho, por exemplo: o dia em que foi inaugurado (em 1950) o estádio do Maracanã, o estádio dos estádios. Quer isto dizer que o dia de hoje nos evoca algo relacionado com futebol. O que será? Procuremos. O nome oficial do Maracanã é Estádio Mário Filho. O grande jornalista que era irmão do enorme cronista Nelson Rodrigues. Este trazia para as suas crónicas um personagem estranho que aparecia nos jogos de futebol: o Sobrenatural de Almeida. Estranho, talvez, por causa duma provável gralha, um "d" a mais. O certo devia ser Sobrenatural e Almeida. Almeida, talvez Hugo de batismo, a ponta-de-lança, e o Sobrenatural, pelas alas, esquerda ou direita. Nelson Rodrigues usava o personagem como fantasma dos golos inexplicáveis. Lá está, confirma-se. Há uma relação entre Hugo Almeida e golos que inexplicavelmente não se marcam. E há uma relação ainda mais intensa entre o Sobrenatural e golos inexplicáveis. Arranque que deixa dois adversários atrás, toque a livrar-se de um terceiro e um quarto, remate a 120 metros da baliza (sim, os campos têm no máximo 105 metros, mas o que se narra é sobrenatural) e golo, mais um. Que dizer, hoje, 16 de junho, haverá - pela força imanente do calendário - golos do Sobrenatural. Não sei quem seja nem onde maravilhará mas espero que não tire a camisola, não quero que leve cartão amarelo.
"DN" de 16 Jun 14

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15.6.14

Alteração das Rochas (2)

Por A. M. Galopim de Carvalho
Durante a meteorização, as interacções da litosfera com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera ou, por outras palavras, as interacções das rochas com o ar, a água e os seres vivos conduzem à formação de: minerais residuais, mais ou menos modificados, que se comportam como detritos e, portanto, susceptíveis de serem deslocados no seio de um fluido (água ou ar); substâncias dissolvidas nas águas naturais. Em simultâneo, a biosfera é fonte de restos esqueléticos, entre conchas, carapaças, ossos, dentes e outros. (...)
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Luz - Mulher de vermelho, Cartagena de las Índias, Colômbia

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Esta exuberante mulher de vermelho domina a imagem de uma modesta tenda ou simples posto de venda de uma vaga fruta, para levar para casa ou comer ali mesmo, e de alguns produtos escondidos na arca frigorífica ou em improvisado armário. (2003)

13.6.14

Radicais islâmicos cada vez melhor

Por Ferreira Fernandes 
A coisa compõe-se. Os jihadistas lá continuam a sua marcha sobre Bagdad, com forte probabilidade de a tomar, é certo. E certo também é que assusta ver como um comboio de jipes brancos Toyotas, mais parecendo um rali de turistas no deserto, não pode ser detido por um exército. Mas a coisa compõe-se. Mais do que a força dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), o raid denuncia a fragilidade do Estado iraquiano. Porém, há uma boa notícia e essa é que a ofensiva é feita pelo EIIL. Estes, entre os maus, são mesmo maus. Política não é com eles. Eles são como os seus sócios do Boko Haram, os radicais islâmicos nigerianos que raptam meninas para as vender ou fazê-las escravas sexuais - e dizem-no. Como escrevi na altura: abençoados os maus que se julgam iluminados e prescindem de enganar os homens. Os combatentes do EIIL andaram a fazer o tirocínio do paraíso na Síria. Em público, cortavam mãos e faziam crucificações. Para as vítimas é o horror, como o é para as meninas nigerianas. A estas não lhes servirá de consolo, mas o facto é que tais métodos não fazem prosélitos entre as pessoas comuns. Chama tarados (e o EIIL é o principal recrutador de jovens islâmicos da Europa) mas não cria raízes. Ora o pior destes fascistas religiosos são as ideias, que essas sedimentam-se. Quando se limitam à faca afiada só juntam bandos. Qualquer imã radical que discursa em Londres é mais perigoso para a liberdade.
«DN» de 13 Jun 14

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12.6.14

O caminho das pedras de Seguro

Por José António Lima
O cargo de líder da Oposição é «o mais difícil lugar da vida política», como reconhece o próprio António Costa. E António José Seguro esteve quase a tornar-se o primeiro líder da Oposição em Portugal, ao fim de 30 anos, a conseguir chegar a primeiro-ministro resistindo à dura travessia de todo o ciclo de mudança de poder. Esteve quase, mas... Seguro pode, pois, queixar-se, como fez há dias, de ter andado estes últimos três anos «a percorrer o caminho das pedras» para agora, ao aproximar-se o final desse penoso percurso, aparecer outro a tirá-lo do lugar. E tem até razões para criticar o timing oportunista de Costa, que recusou em 2011 e em Janeiro de 2013 disputar a liderança do PS, para só avançar neste momento, já na recta final para as próximas legislativas, evitando o desgaste de três anos a penar na Oposição. Do que Seguro não se pode queixar é de não ter conseguido fazer do PS uma alternativa política credível – e apetecível para os portugueses – a uma maioria PSD/CDS debilitada por três anos de troika e austeridade. Incapacidade sua, pura e simples. Que Costa, após o frouxo resultado das europeias, soube explorar com apurado instinto político e sentido de oportunidade. Seguro acabou por reagir ao repto de Costa da pior das formas, visivelmente acossado, com uma fuga para a frente e umas primárias tiradas à pressa da cartola, apenas para ganhar tempo. Se dentro do aparelho do PS, que Seguro ainda controla razoavelmente, já parecia improvável resistir numa votação à onda de apoio a Costa, então ao alargar para o exterior, em primárias, a base de votantes, as suas hipóteses ainda serão mais diminutas. É o que se chama adiar a derrota. E é curioso recordar o que Seguro dizia, em 2011, a Assis sobre este tema: «Nós, em Portugal, com a tua proposta de primárias, íamos permitir que os eleitores do PSD, do PCP, do BE também escolham» a liderança do PS. E, de facto, não custa admitir que, em teoria, ainda possamos ver Marco António Costa, que controla facilmente 20 mil ou 30 mil bases nortenhas do PSD, a mobilizá-las para votar Seguro nas primárias socialistas de Setembro. Mesmo a um ou dois euros por cabeça não sai nada caro. 
«SOL online» de 9 Jun 14

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E no rabecão os sapateiros habituais

Por Ferreira Fernandes 
Escutem!!! Depois de Kirkuk e Mossul, a segunda cidade iraquiana, os jihadistas tomaram Tikrit e atacam Samarra. Aqui chegados deixem-me lembrar-vos a velha história Um Encontro em Samarra contada por Somerset Maugham. Tendo um comerciante de Bagdad mandado o criado ao mercado, este veio a tremer: "Vi a Morte a olhar para mim!" O comerciante deu o seu melhor cavalo ao criado e disse-lhe para se esconder numa cidade vizinha, Samarra. Depois, o comerciante foi ao mercado e, tendo encontrado a Morte, ralhou com ela por ter ameaçado o seu servo. Mas a Morte disse: "Não ameacei, só me admirei porque tinha com ele, hoje, um encontro em Samarra..." Há, pois, um encontro com a morte em Samarra. Denunciado, aliás, por um velho provérbio português: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar o rabecão." Um dia, um imperialismo forte de músculos e vazio de cabeça tomou Bagdad. E que fez? Acabou com o exército e a polícia iraquiana. Qualquer músico de rabecão saberia dizer a Bush o trivial: "Matem meia dúzia de generais e substituam-nos por jovens coronéis. Mudem os déspotas, nunca destruam as instituições." Mas os sapateiros de Washington não quiseram assim. Apagaram sem precaver-se com alternativa. E querem os atuais sapateiros fazer o mesmo com a Síria... Baralham tudo, embora com desculpa: rabecão em português também quer dizer "carroça fúnebre para indigentes". Nesse sentido, a política americana para o Médio Oriente tem tocado afinada.
«DN» de 12 Jun 14

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As fobias e o medo do sufixo

Por C. Barroco Esperança
Condenar fobias coletivas, que levam o sofrimento e a violência a minorias, é um dever  de cidadania e um ato de humanismo. A misoginia é uma fobia de contornos religiosos que atrasou a emancipação da mulher e a submeteu, ao longo dos séculos, ao sofrimento violento e à tristeza profunda. A xenofobia é responsável por guerras e dramas que uma sociedade civilizada não pode consentir. Os dramas vividos ao longo da história, pela pulsão homofóbica, tantas vezes oriunda de quem se sente atraído pelos comportamentos que execra, são uma mancha na história da humanidade e um comportamento que está longe de ser erradicado. (...)
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11.6.14

O desmaio e o homem sem préstimo

Por Ferreira Fernandes 
O sindicalista Mário Nogueira estava ontem na Guarda, manifestando, enquanto o Presidente Cavaco Silva discursava. A coisa assim, dicotómica e seca, só pode ter uma interpretação política democrática: ainda bem. O Presidente usando a sua prerrogativa de eleito, falar em nome do povo, e o sindicalista da regalia de cidadão, protestando. Ambos no seu direito. Mas mais fundo na análise - para lá dos direitos gerais dos protagonistas - há que reconhecer um paradoxo. Não em Cavaco Silva, que é um homem desta situação política, coerente com o que fez (certo ou errado, não interessa aqui), desde que foi reeleito, em janeiro de 2011. Ele, pois, no lugar consequente. A bizarria estava no outro, em Nogueira, também ele homem do "regime". Aliás, poucos como ele nos levaram ao Governo que temos e à política que aconteceu depois de 2011 e era consabido, antes, que viria a acontecer. Não me interessa se Nogueira estava errado ou não no passado recentíssimo, organizando na rua o Governo PSD-CDS que iria chegar: só estou a tomar nota do paradoxo dos protestos dele, agora. 
Dito isto, que é só mais uma ambiguidade própria da política, passemos às regras de civilidade. Quando discursava, Cavaco Silva desmaiou. Perante um homem que desmaia, um homem que lhe berra cala-se. Nogueira continuou a berrar. E a dúvida que se lhe pode pôr na política - ele presta-se à direita ou à esquerda? - fica desfeita na vida geral: simplesmente ele é sem préstimo.
«DN» de 11 Jun 14

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A quem estamos entregues

Por Baptista-Bastos
Tudo parece indicar que António Costa caminha para dirigir o PS. E Seguro?, perguntei, arfante de curiosidade, a um dirigente daquele partido, que apoiara, com entusiasmo, o actual secretário-geral. Não tem carisma, respondeu. Só agora é que não tem? Acentuou-se essa falta. Este diálogo, pouco razoável, tome-se como reflexo daquela agremiação. As coisas, ali, sempre funcionaram como num jogo de intrigas, porque o poder atrai sempre as moscas. Lembremo-nos do sótão de Guterres, só para não esquecer a guerrilha contra Mário Soares. Quanto a Seguro, o equilíbrio manso durante o consulado de Sócrates define um carácter e desenha a exiguidade do homem. Em política, a lealdade e a gratidão não possuem lugar cativo. Porém, estas deformidades não são apanágio único do PS: veja-se o que ocorre no PSD. Desde os conflitos no tempo de Sá Carneiro, até às convulsões de Passos, com expulsões e marginalizações despudoradas, a rectidão de processos não tem sido, no sítio, muito recomendável.
Mas estas turbulências podem, acaso, ajudar a definições mais claras. Passos, já toda a gente sabe quem é e ao que veio. Meteu-se numa embrulhada, para a qual não estava minimamente preparado, nem cultural nem ideologicamente, presumindo, com leviandade de menino, que bastava mexer nas estruturas sociais e conflituar com as instituições (caso dos sindicados e do Tribunal Constitucional, por exemplo) para alisar os obstáculos. É o que se viu. Colocou a sociedade portuguesa num paiol de desespero, e enriqueceu ainda mais os ricos, desprezando os pobres e o mundo do trabalho.
Seguro, quanto a ele, suprimiu as palavras "trabalhadores" e "operários" do léxico comum a um partido daquela natureza, enfiou no bolso o punho esquerdo e fertilizou com amena satisfação o apego ao "mundo empresarial", sem rebuço e num compromisso abjecto. Teve como parceiro o Eng.º Proença, sempre pronto a pactos unilaterais. A redução do PS a uma espécie de estado cataléptico provocou o entusiasmo claro e jubiloso dos dirigentes do PSD, que nunca viram em Seguro um estorvo de maior, nem na baixa retórica ou na gramática débil e repetitiva. É um sujeito menor, sem visão do mundo e sem capacidade de estudo para o compreender.
António Costa deixou-se fotografar com o punho cerrado, é certo, mas pouco ou nada se sabe do seu projecto político. E, se calhar, ainda é cedo para dele tomarmos conhecimento. Todavia, a ter em conta as intenções gerais, é ele o favorito dos portugueses para liderar o PS. E é ele o que se entende como capaz de escorraçar Passos Coelho da incompetência e do crime de empobrecimento com que tem causticado a pátria dos mais pobres.
No meio de isto tudo, emerge, como caixeiro-viajante de uma loja de caixões, o fúnebre Dr. Cavaco. Quem nos acode?
«DN» de 11 Jun 14

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10.6.14

A nova prática "portugesa" do 'escrever como se lê'

Duas histórias, dois destinos

Por Ferreira Fernandes 
O senhor Aurélio, com oficina de estofador na Damaia, teve algumas dificuldades de caixa por causa da crise. Ele foi ao banco pedir guita, que lhe foi dada mas só em parcelas e com fiador. Isto foi para aí em 2011, e o senhor Aurélio foi recebendo os empréstimos a troco, cada vez, de apresentação da fiança. O último empréstimo estava para ser entregue em maio mas, por razões que não vêm ao caso, o fiador, dessa vez, esquivou-se a dar a garantia. Desesperado, o senhor Aurélio forjou a assinatura do fiador e entregou-a no banco. A coisa soube-se, a última tranche do empréstimo já não lhe foi dada e o senhor Aurélio vai ver o Mundial no refeitório da Penitenciária de Lisboa. Agora, outro caso. Uma reputada empresa portuguesa aproveitou a mudança de gerência e reconverteu-se na exportação de desculpas para todo o mundo. Tendo-se verificado um aperto de cash-flow, a importante firma recorreu ao banco internacional FMI & Filhos. Este disponibilizou o financiamento e exigiu que fosse em parcelas e com caução. Tudo se passou mais ou menos bem até à última: o fiador decidiu não dar aval à firma. No entanto, o CEO da firma, com dolo, fez-se ao piso para receber a última tranche, garantindo que ela estava avalizada. Não estava, era uma declaração falsificada, como até um tribunal veio dizê-lo em comunicado. Que aconteceu ao CEO falsário? Também foi preso? Népias, até se queixa de não ir ver o Mundial ao Brasil por estar muito ofendido.
«DN»de 10 Jun 14

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9.6.14

DEZ BONS LIVROS SOBRE CIÊNCIA DE AUTORES PORTUGUESES

Por Carlos Fiolhais
Agora que é a época da Feira do Livro, escolhi um top ten de 10 bons livros portugueses sobre ciência de autores portugueses. Estão por ordem alfabética do apelido. Procurou-se algum equilíbrio entre áreas científicas e também contemplar, embora só em pequena parte, o público infantil e juvenil. São dez livros que podiam e deviam existir em todas as bibliotecas públicas portuguesas, pelo menos as escolares. Estranhamente só os livros de Rómulo de Carvalho e de Nuno Santos et al, estão no Plano Nacional de Leitura- PNL, e nenhum dos dois aqui distinguidos como os melhores para ciências e jovens. Os preços indicados são só indicativos, pois todas estas obras se encontram muito mais barato na Feira do Livro.
1-      Jorge Buescu, Casamentos e outros desencontros, Gradiva, 2011 (11 euros).
Um matemático reúne aqui diversas crónicas muito divertidas sobre temas matemáticos. O casamento é também visto como um problema matemático? Deve-se casar com o/a primeiro/a namorado(a) ou não?
2-      Jorge Calado,  Haja luz. Uma história da Química através do tempo,  IST Press, 2012 (46 euros)
O professor de Química do Técnico, apaixonado pela ópera e pela fotografia, faz aqui um extraordinário percurso ricamente ilustrado não só pela história da química mas também pela história da ciência em geral ou mesmo só pela história. Tudo está ligado com tudo!
3-      Rómulo de Carvalho, A Física no dia-a-dia, Relógio d’Água , 1995 (reedição, o original saiu na Atlântida) (14 euros)
O professor de Física e Química e também poeta (António Gedeão) apresenta aqui, para uma pessoa do “povo”, a quem trata por “meu amigo”, os fenómenos da física no quotidiano.
4-      António Damásio,  O Erro  de Descartes. Emoção, razão, e cérebro humano, Temas e Debates, 2011 (reedição, o original saiu nas Publicações Europa-América, tendo saído antes nos Estados Unidos), (19,90 euros)
O médico e neurocientista português, que é um dos nossos emigrantes mais célebres,  discute a relação da emoção com a razão, partindo da obra do famoso matemático e filósofo francês René Descartes, o autor da famosa frase "penso, logo existo". 
5-      Henrique Leitão, Chamo-me... Pedro Nunes, Didáctica Editora, 2010 (10,50 euros).
O nosso melhor historiador de ciência apresenta a um público jovem, num livriinho ilustrado, aquele que é considerado o maior cientista português de todos os tempos. O Plano Nacional de Leitura deve andar muito distraído para deixar os novos jovens afastados deste belo livro...
6-      João Lobo Antunes, Egas Moniz. Uma biografia, Gradiva, 2010 (17 euros)
Um médico neurocirurgião “disseca” a vida de um dos nossos melhores cientistas e o nosso único Prémio Nobel nas áreas das Ciências, também ele neurocirurgião.
7-      João Magueijo, Mais rápido do que a luz, Gradiva, 2003 (obra saída antes em Inglaterra) (16,15 euros)
Um físico residente em Londres apresenta uma sua teoria que pretende pôr em causa a teoria da relatividade de Einstein, revolucionando a Física. Apesar de a teoria não ter sido confirmada e aceite, o livro mostra o desafio e a ousadia associados à ciência.
8-      David Marçal e Carlos Fiolhais, Pipocas com Telemóvel e outras histórias de Pseudo-ciência, Gradiva, 2012 (12 euros).
Inclui-se aqui porque a obra é mais do primeiro autor, bioquímico e divulgador de ciência. Desmistifica com vários exemplos, alguns deles bem divertidos,  aquilo que se faz passar por ciência sem o ser.
9-      Constança Providência e Isabel Schreck Reis.  Ciência a Brincar, Descobre a Terra! Bizâncio, 2001 (9,59 euros)
As autoras, uma física e outra professora do básico, descrevem experiências que se podem fazer com materiais muito simples para crianças entre os 4 e os 10 anos. A colecção onde este livro se insere tem 10 livros que são, entre nós, dos mais vendidos de ciência infantil. Também não está no Plano Nacional de Leitura.
10-   Nuno Cardoso Santos, Luís Tirapicos e Nuno Crato, Outras Terras no Universo. Uma história da descoberta de novos planetas, Gradiva, 2012 (13,50 euros).
Um astrofísico líder mundial na descoberta de novos planetas, um historiador de ciência e um matemático apresentam uma das aventuras mais recentes da ciência contemporânea: a descoberta de planetas extra-solares. Já são muito mais de mil e a contagem prossegue....

Nota: Esta lista foi primeiramente publicada no portal Ciência na Imprensa Regional - Ciência Viva.

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Das trincheiras de há cem anos ao Mundial

Por Ferreira Fernandes 
Se nem Passos Coelho vai ao Brasil nem a gente almoça umas eleições antecipadas, então que entre já a bola. Jogo de abertura do Mundial 2014, Brasil-Croácia, na próxima quinta-feira. Reparem no camisola 22 da Croácia, talvez nem alinhe, deve estar no banquinho dos suplentes. No momento do hino, ele leva a mão ao coração e canta os imorredouros versos "Lijepa nasa domovino...", e assim por diante. A seguir, vem o hino da casa e as bancadas do Estádio Arena, em São Paulo, lançam o emocionante: "Ouviram do Ipiranga/ Às margens plácidas..." Reparem outra vez no 22: ele também canta esse hino! A mãe pediu. A mãe dele, Dona Joelma, pediu a Eduardo Alves da Silva, nascido carioca e avançado croata, para não esquecer o que se passou antes do grito do Ipiranga pessoal que ele deu aos 15 anos e foi jogar para o Dinamo de Zagreb. O Mundial é como o mundo, uma deslocalização constante. Querem outra história deste mundo novo? A seleção argelina: levou 23 jogadores, como todas as outras. Com este porém: a imensa maioria, 15, nasceu em França. Mas como o mundo futebolístico é um laboratório de vasos comunicantes, os magrebinos que a França perdeu recuperou-os com oito negros africanos, são oito, de primeira geração já nascida em solo francês. E das 32 equipas na fase final do Mundial, só cinco (Brasil, Colômbia, Coreia do Sul, Honduras e Rússia) ainda não alinham com naturalizados... A bola, se repararem bem, ilustra a forma da Terra.
«DN» de 9 Jun 14

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8.6.14

TANZANITE, a “pedra preciosa do século XX”

Por A. M. Galopim de Carvalho
VARIEDADE gemológica do mineral  zoizite (sorossilicato de alumínio e cálcio, do grupo do epídoto), de cor variável entre o azul, o lilás e o acastanhado, a tanzanite foi descoberta, em 1967, pelo goês Manuel de Sousa (1913-1969), nos Montes Merelani, no norte da Tanzânia (antiga Tanganica), muito perto do vulcão Kilimanjaro.
Tida por gema muito rara (só é conhecida naquele local), de muita beleza e de grande valor, caracteriza-se, essencialmente pelo tricroísmo azul,  lilás e acastanhado. A cor azul forte evidencia-se sob luz fluorescente, ao passo que a cor lilás é mais marcada sob iluminação incandescente. (...)
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Uma greve "igual ao litro"

Volta a falar-se de uma greve do pessoal da recolha do lixo, em Lisboa. Sucede, no entanto, que para que uma greve tenha sucesso é preciso que haja diferença entre fazê-la e não a fazer. Pois... estas imagens são de dias normais, sem greve nenhuma.

Luz - Vitrina de rua em Boston, Estados Unidos

Fotografias de António Barreto- APPh

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É uma vitrina decorativa, a loja não vende máquinas de costura! Estas, assim exibidas, percorrem talvez uma dezena de décadas, de finais do século XIX a tarde no século XX. Recordo-me perfeitamente do uso de uma máquina destas, Singer, Husqvarna ou Oliva, em casa da minha família, pelos anos quarenta e cinquenta. Havia-as de mesa, parecidas com estas, assim como as de pedal. As primeiras para serviços mais delicados, dava-se movimento à mão. As segundas, mais frequentes, ainda hoje se vêem com frequência em África e na Ásia, em sítios onde ainda não chegaram as eléctricas. Talvez a Singer fosse a mais famosa. Mas a Oliva tinha uma reputação especial. Creio que se fabricava em Portugal (sob licença…) e tinha publicidade muito moderna sobretudo na rádio. Havia mesmo uma música que começava: “Oliva, Oliva, Linda feiticeira, Padroeira, Da Alta Costura…”. (2003)

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Apontamentos de Lisboa

Analfabetismo numa farmácia das avenidas novas

O valor da pátria entrou nas bolsas

Por Ferreira Fernandes 
Os escoceses vão a referendo em setembro: independentes ou continuam no Reino Unido? O independentista Alex Salmond, líder do Partido Nacional Escocês, tem um argumento de peso: 1200 libras anuais ( 1478 euros) é quanto ganharia um escocês com a independência. Em resposta, o Governo de Londres calculou o oposto: continuando britânico, cada escocês ganharia 1400 libras por ano (1724 euros). É uma estreia mundial esta de o negócio da Pátria ser discutido num guichê de câmbios. Geralmente a coisa é mais privada, Miguel de Vasconcelos, para falar de um comprador de pátrias notório, também deve ter multiplicado aqui, somado acolá, para tomar a decisão que acabou por o defenestrar em 1640. Para quando os guardas fronteiriços, em vez de carimbar o passaporte, sopesarem a bolsa? Na demonstração de quanto (literalmente) vale ser do Reino Unido, Douglas Alexander, o subsecretário de Estado do Tesouro (pelos vistos, o mais habilitado departamento para falar de nacionalidade), enumerou as vantagens de continuar britânico. Entre os desígnios patrióticos, este: com 1400 libras é possível comprar 280 cachorros-quentes no Festival de Edimburgo. É um argumento até para quem não pode votar no referendo: eu, por exemplo, não porei os pés num festival que me leva cinco libras (mais de seis euros) por um cachorro-quente. Quanto aos escoceses, que façam as contas, como dizia o outro: "Uma pátria dá-me 1478 euros, outra, 1724, por qual morro eu?" 
«DN» de 8 Jun 14

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7.6.14

Passos e Montesquieu

“As leis conservam a sua credibilidade e valor não porque sejam justas, mas porque são leis.” Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu 
Por Antunes Ferreira 
Seja-me permitido recordar o que a maioria das pessoas sabe, mas que por vezes, bastantes até, esquece – ou quer esquecer-se. A Revolução Francesa mudou a França, mas também a Europa e até o Mundo. É ponto assente que os acontecimento que se verificaram no século XVIII durante dez anos (1789 – 1799) deram aos cidadãos os princípios políticos consubstanciados no lema que se tornou uma realidade na Terra: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. É o momento em também se consolida a teoria dos três poderes. (...)
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